Aviso importante: é impossível não falar do episódio sem mencionar coisas de Broadchurch. Então, esta resenha tem spoilers.
Então que Gracepoint chegou ao fim e eu definiria essa experiência da seguinte maneira: ela só foi realmente boa para quem não viu Broadchurch. Assisti ao series finale duas vezes para amenizar a raiva que senti ao ver que o encaminhamento da trama seguiu o mesmo trajeto da versão britânica. Um trajeto que só mudou quase no final do episódio.
Admito que estou bem dividida, pois esperava um tremendo desvio. Quando vi Joe recontar o que aconteceu na noite em que Danny morreu, meu sangue parou na testa. Não era isso que esperava e fico furiosa quando minhas expectativas são destruídas. Ainda mais quando houve muita promessa para ínfimas mudanças.
Vejam bem: os showrunners prometeram outro assassino, mas, tendo dois episódios a mais, podiam sim ter explorado melhor as storylines. Especialmente por terem consultoria do criador da premissa dessa série. Estou meio descontente, justamente porque esperava uma mudança radical. Como disse na resenha passada, estava com a sensação de que acompanhar Gracepoint seria uma total perda de tempo. Foi em partes! Houve mudanças sutis no roteiro, como o telefone do mochileiro e o mochileiro, dois itens que seguraram e desviaram as atenções. Porém, os envolvidos perderam a chance de não caírem praticamente na mesmice.
Sei da promessa de não mudar a essência vinda de Broadchurch. Porém, repito: considerando que gravaram dois episódios a mais (a versão britânica tem 8), era esperada uma reviravolta tão brusca que me deixasse desmaiada por dias.
Admito, a revelação de Tom foi um baque, especialmente por causa do motivo. O menino matou o melhor amigo por ir em defesa dele. Chocante no sentido puro da coisa toda. Quando aquele pedaço de madeira atinge a cabeça de Danny, minha respiração falhou. Foi impactante! Compadeci-me pelo menino Tom durante o recontar que terminou de destruir Ellie. Foi muito triste! Porém, esperei que essa narrativa trouxesse uma mudança no relato de Joe, talvez, a ausência da pauta assédio infantil para se diferenciar de Broadchurch, mas tudo se manteve.
No geral, destruíram a vida de Ellie duas vezes. Um marido meio que pedófilo e um filho “assassino”.
Concluindo
Uma das coisas que Gracepoint conseguiu com muita excelência foi escalar atores que transmitiram muito bem todas as emoções dolorosas no desenrolar da investigação. Talvez, até melhor que em Broadchurch. Nesse quesito, não tenho do que reclamar. Beth descobrindo o corpo do filho até Ellie desmoronando na sala de interrogatório e socando Joe, mexeu muito comigo. Sem sombra de dúvidas, a trama, por mais que tenha a mesma temática, conseguiu elevar a maioria dos personagens envolvidos, o que trouxe incontáveis auges emocionais que me derrubaram. A finale conseguiu me abater (só depois que a raiva passou).
Outro detalhe que o remake acertou foi ao preservar (não só o Tennant), a fotografia e as passagens de tempo mais lentas – que reforçaram a dramática da situação, especialmente quando um determinado personagem entrava em foco.
Anna e David deram um show à parte e levaram a trama nas costas em meio a um elenco com caras que poucos conheciam. Sem dúvidas, essa série valeu muito pela maravilhosa atuação dos dois. Contudo, Anna foi a rainha soberana. Como disse na resenha passada, Ellie foi a personagem principal e isso saiu de uma mera cogitação a partir do momento que Joe e Tom foram os responsáveis pela morte de Danny. Foi demais vê-la trocar de sapatos com Carver: ela ficou na defensiva enquanto ele assumiu todo o teor emocional. Como shippei esses dois neste episódio, vocês não fazem a menor ideia.
Quando Emmett desencarna da versão detetive e se torna um amigo para ela, meu coração foi parar na garganta, algo que não aconteceu na versão britânica. Os dois me envolveram muito mais, me divertiram e me fez almejar um casamento. Fim!
Por mais que a storyline do Joe tenha sido um copia e cola, o casamento perfeito dessa trama/dissolução aconteceu graças ao relato da Susan. O que ela contou deu força ao tema pedofilia. Ela disse que o marido assediava a filha. Joe assediou Danny. Por mais que tenha garantido aquele gostinho de raiva, Beth levantou a questão que comentei na semana passada: será que Ellie não viu nada disso acontecer? Será que Susan nunca chegou a ver o que o marido fazia?
Levantar essa dúvida foi pertinente, mesmo que saibamos que Ellie é uma boa pessoa e que Susan tem lá suas crises de personalidade. Contudo, essa é uma questão que ocupa a mente de pessoas reais. Afinal, como é possível a mulher não farejar esse tipo de comportamento dentro do próprio lar?
Uma das investidas que a trama poderia ter tomado era fazer Ellie uma cúmplice (algo que esperei), justamente para lacrar com chave de ouro. Seria mil vezes mais interessante que colocar Tom como o real assassino – que nem pode ser chamado de assassino. Seria brutal, especialmente porque essa mulher atua no cumprimento da lei. Porém, o que fizeram com a personagem foi mais do que suficiente e, se Gracepoint tivesse uma 2ª temporada, seria fácil esperar a detetive como uma nova Carver: fria, racional e distante.
Por mais que tenha ficado com raiva, o series finale me destruiu emocionalmente de novo. Ellie acabou comigo em todos os sentidos. A cena dela aos berros para cima do marido foi de partir o coração.
Li que muitas pessoas consideraram o final de Gracepoint superior ao de Broadchurch. Não diria isso 100%, mas criar o cliffhanger estendeu a agonia. A versão britânica, ciente de uma 2ª temporada, simplesmente deu o caso como encerrado. Na versão americana, a ideia de continuidade foi uma jogada inteligente e inquietante. Foi maravilhoso ver a nova transformação do Carver, saindo do emocional para ser o detetive obstinado. Enfartei quando o personagem revê o vídeo e nota certa cumplicidade entre Tom e Joe.
Pior ainda foi ver a convicção de Ellie em ignorar o telefonema, por sentir que algo está errado. Total faro de mãe. Nesse quesito, o final da versão americana foi mais instigante.
Não cuspirei totalmente em Gracepoint, pois muitas coisas extremamente importantes da versão original foram preservadas. Mesmo com um cliffhanger de aguçar a criatividade para uma segunda temporada que não existirá, não foi uma total perda de tempo. Contudo, esperava mais da construção da investigação, que só fez mudanças sutis ao longo de 10 episódios, sendo que era possível brincar mais.
Agora, acho que o Ziggy merece uma série para ser protagonista, né?
Por Stefs Lima
E eis que o penúltimo episódio desta temporada de Gracepoint foi tenso, revelador e corrido. Carver e Ellie agora duelam contra o tempo que não possuem a fim de encontrarem o responsável pela morte do Danny. Por mais que vote no Paul, ainda estou com a singela sensação de que as coisas terminarão da mesma forma que em Broadchurch. O twist do season finale – que acontecerá esta semana – precisa ser muito épico, pois, até agora, só consigo somar quem ainda não foi parar atrás da mesa de interrogatório. Se vocês rebobinarem um pouco tudo o que já aconteceu, saberão que, tirando a Beth e a dupla dinâmica, Owen, Kathy, o marido de Ellie nem foram considerados suspeitos.
Carver abriu a trama em meio a mais um surto com relação ao seu estado de saúde. O delírio dele com as crianças foi um chute no estômago e serviu para reforçar a possibilidade do detetive ter mais uma mancha no currículo. Afinal, ele perdeu uma evidência no episódio anterior, um carma que o persegue. De novo, o detetive não escondeu o desespero em concluir a investigação com saldo positivo. Tudo para encontrar um tipo de compensação pela falha no caso Rosemont. A necessidade de vencer vem da necessidade da redenção, porém, o sentimento de impotência é impregnante, até mesmo para Ellie que estava perdida.
Esse impasse do Carver permitiu que Ellie assumisse a liderança do caso, um petisco do cargo que outrora lhe pertencia. O instinto mãezona para cima do parceiro foi sensacional, bem como a dureza em tratar Susan na sala de interrogatório. Por detrás do rosto lívido, havia uma mulher que, de novo, duelava com os próprios sentimentos e crenças com relação às pessoas que vivem em Gracepoint. Pessoas que ela repetiu milhões de vezes que as conhecia. Pessoas das quais a fizeram perder as estribeiras e cutucar Carver por ser contra ao tipo de abordagem adotada na investigação. Agora, o tempo para desvendar esse mistério é limitadíssimo, e a detetive entrou realmente no clima de brigar com o relógio.
Adorei a compostura da detetive ao saber do babado da Susan. Isso provou o quanto ela amadureceu e, querendo ou não, mostrou o quanto aprendeu com Carver. Por mais que tenha o peso das emoções por se sentir ligada a cada cidadão que vive na pequena cidade, Ellie está no auge, saturada, com o peso de um elefante sobre os ombros. Ela é a personagem da qual mais me preocupou em Broadchurch, pois, ao contrário de Carver, essa senhora foi a mais testada durante a investigação, a que mais se viu na corda bamba de não acreditar no que vê. Ellie é a real personagem principal, não Emmett, pois vemos uma mulher politicamente correta e maternal cair em um buraco negro e se forçar a ser cética.
Sobre Vince e Susan, nada sobre os dois me surpreendeu, tudo por causa de Broadchurch. Porém, o efeito foi o mesmo: pura desconfortabilidade. Assim como Ellie, é impossível não pensar que essa doida mentiu sobre o assédio contra uma das filhas. Não acredito nisso, em hipótese alguma. Não engulo gente tapada dentro do próprio lar. Isso para mim não existe. É basicamente a atitude de fingir que não vê, isso sim. Não é à toa que Susan deixou tal dúvida nas entrelinhas – e vazou da cidade assim que teve chance.
Vince também não surpreendeu, mas repetiu o mesmo incômodo da narrativa de Susan. Quem é que tatua o nome de uma criança, que recentemente morreu, sem ter nenhum elo familiar com ela? Se fosse Mark, até entenderia. Contudo, esse mané foi detonado pela suposta mãe ao ser acusado como um possível assediador como o suposto pai. Inclusive, esse cidadão parece meio obcecado e dono de um temperamento nada apropriado. Não acredito que o personagem seja o culpado, pois ainda faltam pessoas a serem interrogadas, mas que ele deve ter algum probleminha de obsessão, ah! tem sim.
Paul continuou a ser tão freak como no episódio anterior, mas provou um pouco da sua inocência ao dedurar Tom e entregar o computador ao Carver. Porém, penso seriamente que o personagem só forçou a barra com o filho de Ellie ou para ter certeza de que não há nada no HD que o incrimine ou, considerando o gosto de estar nos centro das atenções, com o pretexto de ser o responsável em dissolver o caso com uma evidência vital. Isso lhe daria prestígio e crédito com Beth. O que foi aquela passadinha de mão, né? O cara é tão doido quanto Vince.
O personagem do nosso Ziggy voltou a ter um tipo de relevância, mas só por influência de Renee. Contudo, Owen resolveu ser honesto, mas sem deixar a típica petulância de um clássico jornalista ao abordar Carver. Sobre isso, o que o detetive relatou não foi surpresa.
Agora restam poucas evidências e um número grande de impressões. A começar pela amizade entre Tom e Danny, que também será usada para descobrir o que aconteceu e porque o filho de Ellie esteve todo inquieto durante os acontecimentos. Uma das coisas que pensei assim que este episódio começou foi em Sarah, mãe de Owen, que retornou e abriu a indagação: quem dirige a van dos Solano? Assim, de verdade verdadeira?
Tudo aponta para Vince, mas as aparências enganam.
Deixo registrada por antecipação a sensação de que assisti Gracepoint à toa.
Por Stefs Lima
Estou em contagem regressiva para descobrir quem é o assassino e desesperada para que não seja o mesmo de Broadchurch. Digo isso porque estou com um péssimo pressentimento e não o compartilharei porque é um grande spoiler. Este episódio me fez feliz por focar no freak Paul, que só me deu mais motivos para desconfiar. Não sei de onde isso vem, pois, na versão britânica, o respectivo personagem não era tão esquisito. Fatos reais!
Com o curto espaço de tempo para terminar a 1ª temporada, é bem provável que as coisas em Gracepoint transcorram depressa. Quase na reta final, a trama já pisou no acelerador ao colocar Paul e Susan ao mesmo tempo atrás da mesa de interrogatório. Outra parte boa é que Tom retornou, mas isso não calou meu desejo de puxar as orelhas dele.
Tom não demorou a ser encontrado e foi o degrau para que Paul ganhasse foco. Depois de uma bela averiguação, o background do padre mostrou que sua estadia em Gracepoint foi impulsionada por motivos semelhantes aos de outros moradores. O passado nada bacana o fez ir atrás de um refúgio que antes da morte de Danny era ideal. O cara me sai como um viciado em comprimidos, alcoólatra, com um aparente problema de temperamento e uma obsessão claríssima por Beth. Matar o menino seria um meio de se vingar de Mark. Uma bela motivação.
Por se achar o muro da cidade, Paul bem que tentou se defender das indiretas de Carver, mas foi açoitado. O personagem não me inspira confiança e muito me preocupa a ausência de álibi. Em uma cidade como essa, em que todo mundo sabe de todo mundo, duvido que ninguém o tenha visto na noite do incidente. Até parece que um teste de DNA dirá alguma coisa, pois gente doida como Paul sabe trabalhar sem deixar rastros. Bem… Se ele for o culpado, claro.
Quem não conseguiu se esconder mais foi Susan, outra que também encontrou em Gracepoint a oportunidade de recomeçar. Embora tenha sido arrastada para a delegacia por Carver e Ellie, o que ficou em aberto nesse plot foi o problema que a personagem possui com Vince, ao ponto de ser ameaçada de morte. E, claro, a identidade. É cruel dizer isso, mas rachei de rir do desespero dela pelo cachorro. Ri mais ainda da atitude do Carver em exigir que o encontrassem, pois só assim para Susan abrir a matraca. Comentei em algumas resenhas que essa senhora não me dá medo, porém, esse sentimento me abordou na hora em que ela surge e entrega o skate para Tom. Para deixar a cena digna de filme de terror, só faltou ser noite.
Lars foi liberado e tenho a leve impressão de que o personagem retornará. Ellie não gostou nem um pouco dessa facilidade, um insight da famosa intuição feminina. Para minha tristeza, a detetive não ganhou tanta atenção no episódio, mas acarretou momentos preciosos. Morri de rir quando Carver a chama pelo nome e, mais tarde, ela o chama de Emmett e recebe a típica sapatada. Gente, quero que esses dois se casem. Ambos se merecem.
Por outro lado, Carver ganhou mais atenção por causa da doença. No interrogatório com Lars, achei que o detetive teria um piripaque ali mesmo. Vi muito Bartô Crouch Jr. no Tennant nessa cena, juro. Especialmente a levantadinha de sobrancelha. O personagem está sim no limite da razão e, se Beth chegar a confrontá-lo por saber que ele não solucionou o caso em Rosemont, é fato que a pressão o dominará por completo. Dessa vez, Carver teve que se esforçar mais que o permitido e capotou durante uma perseguição extremamente preciosa.
Sinto cheiro de consequências, pois, em outras palavras, ele perdeu uma evidência de outro caso importante, o possível assassino ou cúmplice da morte de Danny. Claro que Carver será cobrado, pois não foi aos pés de Gemma que ele caiu dessa vez, mas de Ellie. É fácil imaginar que, mesmo na cama de hospital, ele não dará o braço a torcer e dará um jeito de concluir a investigação. Carver quer redenção, nem que tenha que morrer tentando… Literalmente!
Carver também sapateou durante o interrogatório do Paul, totalmente assertivo e intrusivo. Acho graça das expressões da Ellie que bem tenta segurar a onda do parceiro, mas recebe uma patada de graça. Mas pirei quando ela manda o detetive calar a boca. Casamento, cadê?
Por mais que Paul tenha ficado no centro das atenções, Tom foi a real estrela desse episódio. A primeira coisa que pensei assim que Carver o interrogou foi no HD, aquele que ele fez questão de apagar antes da investigação começar. Que menino mais mentiroso, hein? Não sei vocês, mas não acreditei em nada do que ele disse. Esse papo de rastrear Lars para “tirar satisfação” não colou. Ele está claramente apavorado e esse medo aumentou ao ponto dele tomar uma medida individual de destruir o próprio notebook. Acho que nem preciso dizer que a aparição do Paul foi conveniente e assustadora, né? Senti até que menino Tom estava mais receoso com a presença do padre ao invés de ser pego na botija. Ai tem!
Tenho que dizer que os Solano estavam lindos de doer o coração. Não vou com a cara da Chloe, mas até ela me fez feliz. Totalmente compreensível a personagem não querer mais ser vista como a irmã do garoto que morreu. Não deve ser nada fácil voltar à rotina e, de quebra, aguentar olhadelas e sussurros na escola, lugar que qualquer adolescente se sente pressionado. Adorei a compressão entre Beth e Mark também. A discussão diante de Dean rendeu um momento gracioso entre a família e, no fim, a aceitação da gravidez. Foi mágico!
E a cara de pau da Renee, gente? Isso foi bom para mostrar que, ao mesmo tempo em que a comunidade consegue ser dócil, todos conseguem se defender e se fecham contra cobras. Sensacional os quiques dados pela Kathy e pela Gemma.
Chamem o Datena porque está claro que o computador do Tom é a evidência crucial. Está na cara! Até porque Carver e Ellie estão no ritmo de unir e compreender as últimas provas ainda sem assassino, no caso o barco – que confirmou o DNA de Danny – e o skate que Susan entregou em um súbito momento de loucura. Ainda faltam os cigarros.
A trama trouxe os mais variados sentimentos e empurrou todo mundo para a beira do penhasco. Alguns se libertaram, outros nem tanto. Só acho que as coisas serão intensas no próximo episódio e estou apavorada.
PS: queria estar morta com o Ziggy, digo, o Owen cuidando do priminho.
Por Stefs Lima
Esta semana em Gracepoint só teve babado e confusão. Juro que estou bem a fim de dar um tapa na orelha do Tom por ter sido um belo engraçadinho. Como é que se faz isso com a rainha Ellie? Esses pentelhos de hoje em dia, vou-lhes dizer. O cidadão foi responsável em deixar a trama emocionante, cheia de tensão, e pesou um detalhe que começou a acometer com mais força a população dessa cidade que de pacata não tem mais nada: paranoia. A morte do Jack fez todas as emoções aflorarem e o sumiço de Tom enraizou o sentimento de insegurança e a consequente sensação de que ninguém é confiável.
O foco na família de Ellie foi justificável, especialmente por contrabalancear os sentimentos que ainda perturbam os Solano, que mostrou o desejo de retomar a rotina enquanto a investigação transcorre. Além disso, a mídia voltou a exercer o seu papel, situando a saideira de Renee depois da morte de Jack e focando os esforços de boicotar Carver. Vale o lembrete que foi o sensacionalismo que abalou as estruturas de Gracepoint e não a investigação em si. O jornalismo, para tentar se inocentar, apenas distorceu quem foi o “culpado” nisso tudo. Um comportamento típico de sair pela tangente, não tão distante do nosso dia a dia.
A trama abriu com os reflexos da morte do Jack na comunidade. Isso rebateu na investigação de Danny que agora se encontra em uma posição delicada por estar desacreditada, ao ponto de perder o orçamento e ameaçar a liderança de Carver dentro do caso. O funeral foi meio caminho para os detetives fazerem de novo uma pequena apreciação a fim de encontrar alguém com um comportamento estranho. Nada como todo mundo reunido em uma salinha.
Quem chamou a atenção mais uma vez foi Paul, o personagem que tem se tornado meu suspeito número um. De novo, o padre amou ser o centro das atenções da mídia, se vangloriando de muitas coisas feitas em Gracepoint a favor de Danny e, mais tarde, da importância do papel de Mark na busca por Tom. Sem contar o sermão que foi um novo recado para Carver, o que contribuiu para aquecer os ânimos entre os dois. Eu quero esse personagem na mesa de interrogatório, algo que é bem provável que aconteça, pois temos episódios a mais. O detetive deixou muito claro neste episódio que não há mais tempo a perder e que todo mundo precisa ser chamado para ter os álibis confirmados.
A doença de Carver também recebeu atenção e, de quebra, trouxe Julianne, a filha. Foi muito awkward esse momento, né? Juro que temi que ela fosse dar com a língua entre os dentes para alguém da delegacia, embora tenha ficado com essa impressão do mesmo jeito quando, subitamente, a menina se mandou. Com a aparição dela, soubemos que a situação do detetive é grave. É do coração que estamos falando, um ponto que o fez bambear no funeral de Jack e sair aos tropeços para não chamar atenção. Agora que estamos bem próximos do final da temporada, o personagem está no limite da razão, pois há aquela pressão de não deixar a investigação de Danny inconclusiva, como em Rosemont.
Achei bárbaro o posicionamento dele para cima de Joe, pois é fato que pensar no lado ruim das pessoas não passa de uma verdade. Como o povo de Gracepoint vive numa bolha de falsa perfeição, pessoas como Carver, que apontam o dedo para todo mundo, sem um pouco de respeito requerido, é de deixar qualquer um desconfortável. Até o assassino.
Quem também estava no limite da razão foi Ellie por causa do desaparecimento do Tom. Anna merece todos os elogios por este episódio. Atuação forte, intensa, estridente e de quebrar o coração. Chorei largada com o abraço que Beth dá nela, um momento de cumplicidade entre as duas que, aparentemente, estão na mesma situação. A cena da sala de interrogatório, na companhia de Carver e do mochileiro, foi de arrepiar. Aquele berro em tom de ameaça foi poderoso demais. Ellie acabou conflitando o emocional e o profissional e, dessa vez, Carver entendeu por ser um caso pessoal. Ela perdeu as estribeiras, trazendo uma mudança grandiosa para a personagem que saiu da eterna e suposta moleza e passividade. Adorei!
Antes tarde do que nunca, o mochileiro foi para a salinha pagar suas penitências. Juro que dei risada quando Ellie o vê comendo um hambúrguer, feliz da vida, e depois exigindo batata-frita. Isso só provou o quanto esse personagem é doidinho da silva. Ele foi responsável em elevar não só a atuação da Anna, como do Tennant, por ser visto como testemunha-chave. Ou até mesmo o culpado. Lars foi responsável em trazer para a mesa as evidências do começo da temporada, como o telefone e o fato dele ter se encontrado com Danny, como Jack bem descrevera. Sem provas de que matou o menino, o mar de impossibilidades se abriu entre o detetive e a resolução, pois o mochileiro deu a entender que não teve nada a ver com isso.
Por outro lado, Lars ajudou a confirmar a tese de que Danny não era um anjinho. Ele manjava muito, ao ponto de usar dois celulares para que nenhuma ligação fosse rastreada. Ele queria conhecer lugares e isso me fez pensar, se não tivesse o cadáver, que o menino teria facilmente vazado da cidade. Quem apresentou uma rebeldia parecida foi Tom, que tem agido estranho desde que o amigo morreu, ao ponto de vasculhar a bolsa da mãe e entrar em contato com o mochileiro. Não é à toa que o filho de Ellie foi atrás de Lars, por qual motivo ninguém sabe.
Outros momentos pertinentes
Vince e Susan, um desconforto que virou ameaça de morte. Por saber do babado, e não esperar nada de diferente, já nem tenho expectativa.
Quem também deu o ar da graça foi Raymond que contribuiu para mexer ainda mais com as emoções de Beth. Além de prever o que tinha acontecido com Danny, agora o homem avisa que Tom está em apuros e sangrando em algum lugar.
Quem anda me deixando desconfortável é Kathy, a editora-chefe do jornal de Gracepoint. Essa amabilidade dela me deixa desconfiada. Porém, a presença dela foi muito pertinente para mostrar o quanto as pessoas dessa comunidade não facilitam. A jornalista achou que Ellie daria prioridade na treta dela com Susan, um pedido que, supostamente, deveria ser levado para o lado pessoal. Tive que rir com a cara de pau desse povo, né?
E o episódio termina com uma evidência: a bicicleta do Tom. Será que isso é um sinal de que as coisas daqui para frente realmente serão diferentes em Gracepoint?
Audiência: Dos 2.98, houve um aumento tremendo de 3.49 milhões de telespectadores.
Por Stefs Lima
Estou em crise com este episódio de Gracepoint. Juro que estou fazendo o máximo para não pensar em Broadchurch, mas está cada vez mais impossível. Por saber o que aconteceria na metade da trama, não usufruí tão bem o que aconteceu. Por enquanto, só sei que nada sei.
Para dar engate ao plot de Mark Solano, nada mais sensato que mantê-lo nos holofotes. Tivemos uma pequena provocação com o flashback dele com um Danny choroso, e logo saltamos para a falta de senso desse homem em contar logo de uma vez com quem estava na noite em que o filho foi morto. Esses acontecimentos não mudaram. Por causa disso, o episódio foi um completo sonífero por causa da repetição da storyline desse personagem. Sendo bem sincera, esperava um viés inusitado, mas não. Confesso que fiquei bem de cara por já saber o que rolaria e isso me deixou um pouco para baixo.
Contudo, todas as sensações que esse personagem me provocou em Broadchurch voltaram com extrema força. Quis muito socá-lo. Qual era a necessidade de salvaguardar um segredo que a própria filha sabia? Queria muito invadir Gracepoint e dar um jeito nesse idiota. Só esse homem para se fechar para proteger a própria reputação. Vamos combinar que ele fez o que fez para assegurar a si mesmo e não a família. Não é à toa que Mark continuou a safadeza oculta com Gemma. Mereço?
Por mais que o plot de Mark tenha sido decepcionante, é importante pensarmos nas bordas.
No caso, a detetive Miller. Como disse nas resenhas passadas, ela é a pessoa que mais mudará conforme a investigação se desenrola. No final do episódio, vemos um pouco de evolução da sua personalidade. Da convicção de que Mark não era culpado pela morte de Danny, ela migrou para o ‘não sei’. De novo, o detetive Carver a pressionou para parar de passar a mão na cabeça das pessoas de Gracepoint. Afinal, todos são suspeitos. De novo, Ellie fraquejou pelo emocional ao humanizar a tarefa de encontrar o responsável pelo crime, como se ninguém da cidade fosse o responsável. Como Emmett bem disse, ela quer respostas fáceis e que causem nenhum dano ao clima de boa vizinhança.
A pergunta mais marcante dela foi: como a cidade mudaria se Mark fosse o culpado? O pai de Danny foi só o primeiro de muitos que possuem podres que os colocarão na saia justa. Ele foi só o início, mas o suficiente para trincar as crenças de Ellie sobre a vizinhança. A detetive vive em um borrão e vê todos como perfeitinhos em uma cidade que nunca assistiu a um caos mortífero como aquele. Ninguém é inocente, algo que a detetive começou a ver. Como disse Carver, as pessoas podem sim cometer crimes dependendo das circunstâncias. Acredito que agora a personagem compreenderá a frieza do seu parceiro. Só assim chegarão a algum canto.
A trama também focou o drama de Beth. Ela está desolada tanto pela gravidez como pela perda de Danny. Posso até arriscar a dizer que a personagem sabe o canalha que o marido é, o que justifica a pressão no final do episódio em saber os reais motivos que o fizeram sair da cadeia. Porém, o que pegou mesmo foi o conflito religioso bem como o desespero de encontrar um tipo de conforto. De um lado temos o padre Paul, cujo comportamento afetuoso ao extremo com Beth é suspeito demais, e do outro Raymond, o que tem contato com outra dimensão. Por mais que ela esteja prestes a sufocar, a incógnita que ficou foi: quem seria essa pessoa que matou Danny e que poderia magoá-la? Será que o que o maluco disse é verdade? Considerando Broadchurch, acho bom começarem a se prepararem para o chute no estômago. Nesse ponto, estou bem otimista. Espero não me decepcionar.
Owen conquistou um pouco mais de destaque esta semana e acho que ele tem a mesma síndrome da tia: não consegue desligar o emocional. A diferença é que o jornalista quer status. Se não quisesse, jamais ele teria soltado o tweet sobre a morte do Danny. Renee tem desempenhado uma péssima influência, tentando se entremear em uma comunidade fechadíssima, cheia de insolência. Entendem porque não defendo a classe? Jornalistas são gananciosos, especialmente quem ama a profissão e não se vê fazendo outra coisa. Ficou claro que Owen não perderá a chance de ascensão. Enquanto isso, Renee se tortura para ganhar a simpatia dos moradores, o que tem sido um tanto quanto frustrante para ela.
Contudo, nada mais frustrante que a presença dela no mesmo território do Carver. Foi confirmado que a jornalista rodeará o detetive como um urubu, igual em Broadchurch, justamente para pressioná-lo, mesmo que indiretamente. Tudo por causa do caso em Rosemont que foi para a gaveta inconclusivo. Renee não está ali para ajudar. Ela é astuta e sacana. O meio para conseguir o que quer é via Owen, o cara que tem contato com todo mundo e, de quebra, é sobrinho da detetive que investiga o caso. Dores de cabeça vêm aí!
Carver praticamente recebeu o atestado de óbito. A petulância dele para cima de Ellie, bem como a rapidez e a frieza durante a investigação, ganhou uma justificativa: penitência. Ele quer compensar a falha do caso Rosemont solucionando o de Gracepoint. Tenho que dizer que essa versão do personagem do Tennant é mais insuportável que a versão britânica. O cara é centralizador e vive escorado para dar um quique na Ellie. Não acho isso nem um pouco ruim, dou até risada. A pressão de Carver para cima dela foi de tirar qualquer um do sério, claro, mas, como disse no piloto, ele tem muito que ensinar à parceira, especialmente sobre desligar as emoções e mergulhar na investigação com os pensamentos totalmente imparciais.
Agora, a trama atingiu um pico que apresentou a diferença com Broadchurch. A preocupação extrema de Carver com o traficante da Chloe e o papel com um número no casaco de Danny são insights novos. Os minutos finais me fizeram respirar de alívio por mostrar que os produtores americanos realmente mudaram a perspectiva da investigação. Estou morrendo de curiosidade porque não sei o que esperar.
Pelo menos, não se fala mais das baleias de Gracepoint.
Por Stefs Lima
Como foi dito pelos produtores de Gracepoint, este episódio também seria um copia e cola de Broadchurch (com exceção das citações constantes às baleias da cidade hahaha). Carver continuou frio, focado e calculista em cada detalhe da investigação de Danny, Miller mostrou mais do seu “grande” defeito que é misturar o emocional com o profissional e alguns personagens começaram a ser pontuados como suspeitos. Contudo, isso não quer dizer – ainda – que são os culpados pelo crime que foi um belo alterador de rotina.
Logo de cara, vemos o pequeno Tom se sentindo culpado por alguma coisa, um fator não só impulsionado pela morte do Danny, como pelo medo de ser pego pela polícia por saber de algo mais, ao ponto de ter limpado os arquivos do próprio computador. Esse é um ponto que estou bem interessada para ver como se desenrolará, pois o personagem rendeu uma ótima tensão em Broadchurch. Vejam bem, estou desesperada para ser surpreendida com as prometidas mudanças no roteiro e ele é o filho da Miller. Espero que esse viés tenha passado por uma reescrita (bem como outros pontos levantados na versão britânica) genial.
Este episódio deu algumas dicas do que está por vir para o personagem do Tennant. Como disse na resenha passada, o passado do detetive é um tanto quanto interessante, tanto no âmbito pessoal como no profissional. Foi bem agoniante vê-lo passar mal. A cena do banheiro com aquela seringa me tirou do juízo de novo por não ser a mais fã de agulhas. É possível que esse background traga nosso Kevin para o cerne da trama, vimos Renee empenhada em ter sua grande matéria, e Owen não tem interesse algum de ficar empacado no jornalzinho pacato de Gracepoint. Literalmente, será um trabalho de sanguessugas com dois focos.
Por mais que a aparição do Owen tenha sido curta e sem objetivo neste episódio, acho que podemos esperar um maior destaque no próximo episódio por meio do passado do Carver.
“These people are all your friends”
O episódio pegou mesmo para Ellie que ficou presa ao conflito de agir e pensar como detetive, um posicionamento toda hora comprometido por se deixar levar pela desculpa de que conhece todo mundo. Na mente dela, ninguém de Gracepoint cometeria uma brutalidade contra a criança de uma família que todo mundo conhece. Miller não conseguiu se desligar e Carver não perdeu nenhuma chance de açoitá-la. Com toda razão, claro, pois uma investigação exige sangue frio, algo que a detetive ainda não tem maturidade para agarrar. Com Gemma, ela foi extremamente afável, passou a mão na cabeça e ri – de novo – da reação do Carver com a atitude dela. Enquanto o detetive parece um pé no saco por causa da obstinação em encontrar o assassino do Danny, Ellie peca por não conseguir ser imparcial. Um combate pessoal que começa a ganhar um pouco mais de destaque.
A prova disso foi Ellie na casa dos Solano. Ela fazia um tremendo esforço para não desmoronar diante da família. A pergunta sobre o funeral foi o suficiente para a personagem duelar com a vontade de ser amiga ou detetive. Ela não conseguia falar “corpo” e nem “evidência” sendo que, por ser quem é, essas palavras deveriam deslizar como música pela sua língua.
Carver e Miller tem o mesmo atrito de Broadchurch e, pelo visto, terá o mesmo objetivo: fazer a detetive endurecer por meio de socos no estômago ao ver que ninguém de Gracepoint é santo. Só neste episódio, o tease da pauta sobre moralidade foi o bastante para tirá-la do eixo. Isso porque é só o começo da investigação. Pirei com os surtos do Carver para cima dela ao cobrar mais atitude e menos lamúrias. Uma das cenas-chave de ambos que enfatizou isso foi na hora do break na sala do Carver. Ele a aconselha que é necessário desconfiar e ela rebate pelo emocional por se sentir acima dele por conhecer todo mundo. Isso é só o começo desse mar de emoções que tornará a dinâmica desses detetives mais dramática de assistir, especialmente para Miller que tem muito que aprender para honrar o distintivo.
A investigação ganhou uma entonação mais densa, o que fez alguns personagens levantarem algumas sobrancelhas. Meu conselho é: não acreditem em tudo que veem. Não achem que Susan causou a morte do Danny por ter o skate ou em Mark que terminou com as digitais pregadas na casa que foi dita como palco da morte do menino. Ou no padre que deu um abraço muito íntimo na Beth no porta-malas do carro. São provocações. Se o remake americano respeitou a inteligência do britânico, haverá muitos reveses justamente porque o foco agora é confundir. Para isso, muitos segredos serão tirados debaixo do tapete para descontruir a impressão de que Gracepoint é um lar perfeito de pessoas perfeitas.
O exemplo desse episódio foi Gemma. Ela foi a primeira a reclamar do turismo e deu lição de moral sobre como se comportar. Boa samaritana só que ao contrário a partir do momento que Chloe a denunciou como a causadora do porte de cocaína.
É só o início dos babados. Situações como as de Gemma virão aos montes e baterão na Ellie, não no Carver. A cada passo dado na investigação, a detetive verá todas as suas crenças desmoronarem pouco a pouco. Esse é um dos pontos-chave do roteiro dessa série. Essa descoberta de que nem tudo é perfeito. Que uma comunidade tem sim as maçãs podres.
Nisso, temos os Solano. A família modelo. Beth parecia a única que realmente sofria pela perda de Danny, mas o sentimento foi intensificado por causa da gravidez. A mulher estava no limite da negação e trincou a redoma de perfeição com a lista de suspeitos. Amigos, babás, professores, etc. Uma realidade que Ellie nunca viu, bem como todos que moram em Gracepoint. Afinal, quem coloca amigo como suspeito? Além do assassinato, o que torna a escrita dessa série formidável é a abordagem do caráter de cada personagem. Mark Solano foi o primeiro de muitos a ser emparedado por Carver, com todas as impressões de ser o culpado.
Para concluir, outro ponto que foi abordado em Broadchurch e que foi resgatado em Gracepoint foi a religião. Temos o catolicismo e o espiritismo. Duas fés diferentes. Outro motivo de discussão para os detetives, pois Ellie tem fé demais e Carver é cético ao extremo.
Os segredos da população de Gracepoint começarão a vir à tona e Mark Solano foi o primeiro. Se a storyline dele for a mesma, esperem para se indignar um pouquinho mais. Até parece que o nome de um amigo seria esquecido tão rápido, né? Cara de pau!
Assim como o piloto, não há muito que dizer sobre este episódio. Estou à espera das diferenças.
Situação da investigação: diário do Danny e as digitais de Mark.
– Por Stefs Lima.
Cá estamos com a resenha da season premiere de Gracepoint e não sei muito bem o que dizer. Afinal, o que assisti foi totalmente a mesma coisa que vi no piloto de Broadchurch. Antes que surtem, os produtores já haviam avisado que os dois primeiros episódios seriam um copia e cola. Então, tive que me desligar da influência da versão original para tratar a versão americana como algo novo, justamente para ter o que comentar com vocês.
Por mais que soubesse que o piloto seria semelhante ao da versão britânica, é meio difícil não querer fazer comparativos. Por isso, para evitar qualquer barraco e confusão, esta resenha tem muito a ver com a experiência de revisitar um solo conhecido, com a diferença de estar diante de pessoas novas.
A premissa de Gracepoint seguiu pelo mesmo caminho de Broadchurch, como meio mundo já sabia (ou deveria saber). Danny Solano (que antes era Latimer) é encontrado na praia, morto. À primeira vista, um suicídio que passa a ser visto como um homicídio. Um crime atípico para uma cidade pacata, onde todo mundo se conhece e tem um elo de confiança muito bem fomentado. Lá, todo mundo, em tese, sabe o que fulano faz, pra onde vai e de onde vem. A abertura em si foi essencial por mostrar Mark Solano, o pai, cumprimentando os conhecidos que agora passarão a ser suspeitos. É nesse momento que vemos a dinâmica dos personagens, a empatia deles um com o outro, para medirmos daqui alguns episódios o quanto essa vibe de boa vizinhança será destruída por causa da investigação.
Estou autorizada a ser fangirl do David Tennant, pois não conseguiria deixá-lo de fora desta resenha – e nem tem como. Quando ele apareceu, meio que surtei. Sou suspeita para falar de qualquer trabalho que o envolve, especialmente quando encarna personagens complexos, centrados e frios. Sempre é um deleite porque o ator se entrega. De novo, Tennant deu um show. Emmett é desse jeitinho mesmo por motivos que não posso falar. O detetive rendeu grandes cenas de tensão e foi ótimo reviver isso em Gracepoint. Amo as expressões de poucos amigos e o distanciamento da comunidade que o detetive não faz questão de esconder.
O mesmo vale para a Anna que me convenceu à primeira vista no papel de Ellie. Ela tem um Q de mãezona. A detetive é muito marcante por não saber como desligar o emocional e a atriz conseguiu transmitir essa dificuldade. Como foi visto no piloto, Ellie não trata os vizinhos com frieza e nem os encara como suspeitos. Espero que a personagem americanizada tenha uma jornada igualmente interessante por causa desse conflito moral.
A dinâmica dos dois detetives em Gracepoint foi ideal. É esse o ritmo no meio de uma problemática que os produtores prometeram que será diferente. Só com o tempo para captar as divergências entre a dupla. Por enquanto, deu para querer arremessar um sapato no Carver por ser tão arisco, o que combate a afabilidade de Ellie. Nisso, não tenho do que reclamar, pois o chavão desses dois personagens é acarretar o conflito profissional x pessoal, onde um não conhece a comunidade e trata geral como um pedaço de bife enquanto o outro tenta amenizar o drama por se tratar dos seus amigos.
Digamos que todas as cenas foram repetidas, mas preservaram a dramatização da versão britânica. Esse era o ponto que muito me preocupava. A série possui um trabalho de edição que é impossível de esquecer. No caso, o peso atribuído para algumas cenas que transcorrem com mais lentidão para dar foco aos pequenos detalhes. Um cuidado que reforça o peso da situação. Quando vi isso acontecer, qualquer resmungo que poderia dar foi aniquilado. As expressões duras de Carver e as emocionais de Ellie atreladas ao drama da família mexeram comigo da mesma forma que aconteceu em Broadchurch. Eu fui arrematada pela série na repetida corrida de Beth no meio do trânsito. Parecia que era a primeira vez que a via. Acho que doeu um pouco mais por saber o que havia no final da linha. Foi nessa cena que o trabalho de edição de Broadchurch foi preservado no remake.
O que veio depois foi uma reprise muito bem conduzida. Os antagonistas assumiram as mesmas posições que em Broadchurch. Aqui, o maior exemplo é o do Kevin, o enxerido do Owen. Devo dizer que detesto o personagem, pois se é uma coisa que me irrita é jornalista na ficção (e eu posso falar mal deles porque pertenço a classe hahaha). O pouco da insolência dele veio à tona, bem como a reação diante da hostilidade do Carver depois de ter publicado o que não devia. As similaridades entre esses dois homens vêm da insatisfação de atuar em uma comunidade pacata. Ele lida com pautas do cotidiano da vizinhança, da mesma forma que o detetive acha terrível ser acordado cedo por causa de um dilema que pode ser resolvido sozinho. O jornalista quer ascensão e encontrará essa oportunidade em Renee, a recém-chegada em Gracepoint. De novo, a atitude dele em soltar o furo jornalístico sem se preocupar com as emoções da família me tirou do sério. Isso tende a ser só o começo, ok?
Momento fangirl: eu fiquei muito, muito, muito feliz pelo Kevin ter conquistado essa oportunidade, pois isso queria dizer que ele estaria de cara com o Tennant. Ao vê-los em cena, gritei que nem uma condenada. Por saber que o detetive e o jornalista possuem altos atritos na trama, ansiei desesperadamente pelo momento em que veria os dois em cena. Se eu estivesse no papel do Ziggy, teria chorado horrores com aqueles berros estridentes que fez Owen sair de cena com o rabo entre as pernas. Eu surtei!
Ignorando que o piloto foi uma cópia escarrada do que já rolou em Broadchurch, me senti diante de uma história nova. Ela continuou a mexer comigo, como se fosse a primeira vez. Tennant estampou a série, assumiu Carver com o mesmo empenho (bem que tentou tirar o sotaque, mas vi o esforço de segurar a puxadinha no R) e, como de praxe, é muito difícil julgar o piloto.
No caso de Gracepoint, a ideia é ter um norte diferente, mas teremos que ser pacientes, especialmente para quem assistiu a versão britânica. O que posso dizer é que esse pequeno teaser me fez querer mais. O trabalho está impecável. O remake se manteve envolvente, dramático e intenso. É raro ver uma cópia sair perfeita e, nesse caso, ao menos por enquanto, Gracepoint fez jus à Broadchurch. Muita paranoia vem aí!
Hoje ainda é segunda, mas é bom já ir pensando em alguma coisa para fazer no próximo final de semana, não é? E é por isso que trouxemos para vocês a resenha do filme “Coisas de Meninos e Meninas” (It’s a Boy Girl Thing), um filme de comédia com o nosso lindo Ziggy.
Vem gente, porque a nossa colaboradora, Paula Pacheco, assistiu Cidade dos Ossos ontem e contou para nós o que achou.
Vale lembrar que CONTÉM MUITO SPOILER e se você não quer saber nada do filme, por favor, não leia.
Quem quiser ler, continue e seja feliz o/