– Por Stefs Lima.
Cá estamos com a resenha da season premiere de Gracepoint e não sei muito bem o que dizer. Afinal, o que assisti foi totalmente a mesma coisa que vi no piloto de Broadchurch. Antes que surtem, os produtores já haviam avisado que os dois primeiros episódios seriam um copia e cola. Então, tive que me desligar da influência da versão original para tratar a versão americana como algo novo, justamente para ter o que comentar com vocês.
Por mais que soubesse que o piloto seria semelhante ao da versão britânica, é meio difícil não querer fazer comparativos. Por isso, para evitar qualquer barraco e confusão, esta resenha tem muito a ver com a experiência de revisitar um solo conhecido, com a diferença de estar diante de pessoas novas.
A premissa de Gracepoint seguiu pelo mesmo caminho de Broadchurch, como meio mundo já sabia (ou deveria saber). Danny Solano (que antes era Latimer) é encontrado na praia, morto. À primeira vista, um suicídio que passa a ser visto como um homicídio. Um crime atípico para uma cidade pacata, onde todo mundo se conhece e tem um elo de confiança muito bem fomentado. Lá, todo mundo, em tese, sabe o que fulano faz, pra onde vai e de onde vem. A abertura em si foi essencial por mostrar Mark Solano, o pai, cumprimentando os conhecidos que agora passarão a ser suspeitos. É nesse momento que vemos a dinâmica dos personagens, a empatia deles um com o outro, para medirmos daqui alguns episódios o quanto essa vibe de boa vizinhança será destruída por causa da investigação.
Estou autorizada a ser fangirl do David Tennant, pois não conseguiria deixá-lo de fora desta resenha – e nem tem como. Quando ele apareceu, meio que surtei. Sou suspeita para falar de qualquer trabalho que o envolve, especialmente quando encarna personagens complexos, centrados e frios. Sempre é um deleite porque o ator se entrega. De novo, Tennant deu um show. Emmett é desse jeitinho mesmo por motivos que não posso falar. O detetive rendeu grandes cenas de tensão e foi ótimo reviver isso em Gracepoint. Amo as expressões de poucos amigos e o distanciamento da comunidade que o detetive não faz questão de esconder.
O mesmo vale para a Anna que me convenceu à primeira vista no papel de Ellie. Ela tem um Q de mãezona. A detetive é muito marcante por não saber como desligar o emocional e a atriz conseguiu transmitir essa dificuldade. Como foi visto no piloto, Ellie não trata os vizinhos com frieza e nem os encara como suspeitos. Espero que a personagem americanizada tenha uma jornada igualmente interessante por causa desse conflito moral.
A dinâmica dos dois detetives em Gracepoint foi ideal. É esse o ritmo no meio de uma problemática que os produtores prometeram que será diferente. Só com o tempo para captar as divergências entre a dupla. Por enquanto, deu para querer arremessar um sapato no Carver por ser tão arisco, o que combate a afabilidade de Ellie. Nisso, não tenho do que reclamar, pois o chavão desses dois personagens é acarretar o conflito profissional x pessoal, onde um não conhece a comunidade e trata geral como um pedaço de bife enquanto o outro tenta amenizar o drama por se tratar dos seus amigos.
Digamos que todas as cenas foram repetidas, mas preservaram a dramatização da versão britânica. Esse era o ponto que muito me preocupava. A série possui um trabalho de edição que é impossível de esquecer. No caso, o peso atribuído para algumas cenas que transcorrem com mais lentidão para dar foco aos pequenos detalhes. Um cuidado que reforça o peso da situação. Quando vi isso acontecer, qualquer resmungo que poderia dar foi aniquilado. As expressões duras de Carver e as emocionais de Ellie atreladas ao drama da família mexeram comigo da mesma forma que aconteceu em Broadchurch. Eu fui arrematada pela série na repetida corrida de Beth no meio do trânsito. Parecia que era a primeira vez que a via. Acho que doeu um pouco mais por saber o que havia no final da linha. Foi nessa cena que o trabalho de edição de Broadchurch foi preservado no remake.
O que veio depois foi uma reprise muito bem conduzida. Os antagonistas assumiram as mesmas posições que em Broadchurch. Aqui, o maior exemplo é o do Kevin, o enxerido do Owen. Devo dizer que detesto o personagem, pois se é uma coisa que me irrita é jornalista na ficção (e eu posso falar mal deles porque pertenço a classe hahaha). O pouco da insolência dele veio à tona, bem como a reação diante da hostilidade do Carver depois de ter publicado o que não devia. As similaridades entre esses dois homens vêm da insatisfação de atuar em uma comunidade pacata. Ele lida com pautas do cotidiano da vizinhança, da mesma forma que o detetive acha terrível ser acordado cedo por causa de um dilema que pode ser resolvido sozinho. O jornalista quer ascensão e encontrará essa oportunidade em Renee, a recém-chegada em Gracepoint. De novo, a atitude dele em soltar o furo jornalístico sem se preocupar com as emoções da família me tirou do sério. Isso tende a ser só o começo, ok?
Momento fangirl: eu fiquei muito, muito, muito feliz pelo Kevin ter conquistado essa oportunidade, pois isso queria dizer que ele estaria de cara com o Tennant. Ao vê-los em cena, gritei que nem uma condenada. Por saber que o detetive e o jornalista possuem altos atritos na trama, ansiei desesperadamente pelo momento em que veria os dois em cena. Se eu estivesse no papel do Ziggy, teria chorado horrores com aqueles berros estridentes que fez Owen sair de cena com o rabo entre as pernas. Eu surtei!
Ignorando que o piloto foi uma cópia escarrada do que já rolou em Broadchurch, me senti diante de uma história nova. Ela continuou a mexer comigo, como se fosse a primeira vez. Tennant estampou a série, assumiu Carver com o mesmo empenho (bem que tentou tirar o sotaque, mas vi o esforço de segurar a puxadinha no R) e, como de praxe, é muito difícil julgar o piloto.
No caso de Gracepoint, a ideia é ter um norte diferente, mas teremos que ser pacientes, especialmente para quem assistiu a versão britânica. O que posso dizer é que esse pequeno teaser me fez querer mais. O trabalho está impecável. O remake se manteve envolvente, dramático e intenso. É raro ver uma cópia sair perfeita e, nesse caso, ao menos por enquanto, Gracepoint fez jus à Broadchurch. Muita paranoia vem aí!
– Por Stefs Lima
Esta semana não só marca o retorno de muitas séries televisivas, como a chance de conferir mais um trabalho do nosso querido Kevin Zegers. No caso, Gracepoint. Ziggy será o jornalista Owen Burke nesse remake inspirado na série britânica Broadchurch.
Sendo assim, nada como um aquecimento para essa série que terá os episódios resenhados aqui no Lightwoods Brasil. Todos prontos?
Do que se trata Gracepoint?
Como foi mencionado no 1º parágrafo, Gracepoint é um remake americano da série policial Broadchurch, criação britânica assinada por Chris Chibnall, transmitida no ano passado pela BBC America. A premissa será a mesma: descobrir quem foi responsável pela morte de Danny Latimer.
Gracepoint será transmitida pelo canal FOX e o maior desafio dela é preservar a genialidade de Broadchurch. Muitas críticas acompanharam a produção da versão americana, pois, na mente de muitos, até da minha, não fazia sentido regravar a mesma história fora da Terra da Rainha. Inclusive, o incômodo foi unânime por causa da presença de David Tennant no mesmo papel, com a diferença de que não terá o mesmo nome.
Na época do burburinho, Carolyn Bernstein, uma das produtoras de Gracepoint, afirmou que manteria o ponto de partida que Chibnall deu em Broadchurch por ser genial e inteligente. Quando a primeira promo da série saiu, mais críticas vieram, pois a trama abre igual ao da versão britânica. Bernstein acalmou os ânimos ao dizer que os dois primeiros episódios de Gracepoint remeterão à Broadchurch e que as diferenças começarão a ser sentidas do 3º em diante, especialmente porque outros personagens serão explorados.
Dentre as prometidas diferenças, a mais evidente é no quesito cultural. Tennant teve que abolir o sotaque escocês, só para vocês terem ideia. A ambientação também é diferente, pois Gracepoint se desenrolará no norte da Califórnia. No total, serão 10 episódios contra os 8 de Broadchurch, uma tentativa dos produtores em destrinchar o novo viés da história, trabalhar um pouco mais a apresentação de cada personagem e brincar com os suspeitos.
Quem será o nosso Ziggy?
Ele será Owen Burke, sobrinho da Detetive Ellie, um jornalista em busca de ascensão que dá de cara não só com a necessidade de cobrir um homicídio, como também um furo de reportagem que envolve o Detetive Carver. Por ter assistido Broadchurch, é bem provável que o personagem percorrerá o caminho sensacionalista como o doppelganger britânico.
Um dos pontos altos de Broadchurch é que a figura do jornalista é bem no estilo Datena, aquele que cobre o fato sem respeitar os sentimentos dos outros. Pouco se falou sobre o personagem do Kevin, mas, imaginando o que rolou na série britânica, esperem um cara intrometido (opa!) e insolente.
Quais as reais diferenças com Broadchurch?
Broadchurch tem como ponto de partida o suposto suicídio de Danny Latimer. O corpo, encontrado na praia, traz Alec (David Tennant, que não tem esse nome em Gracepoint) para o centro desse caso que começa a trincar os elos de confiança da cidade (de mesmo nome da série). De amigos em uma vizinhança minúscula, todos viram suspeitos. Quando essa situação passa para o nível de homicídio, a população desconfia até do padeiro. Assim, o detetive não mede esforços para encontrar o culpado na companhia de Ellie, outra investigadora que sabe tudo de Broadchurch e, por causa disso, se vê na corda bamba por ter que questionar aqueles que, em tese, conhece com as palmas das mãos.
Gracepoint seguirá por esse mesmo caminho, sendo que alguns personagens terão outros nomes. Infeliz ou felizmente, as diferenças só serão captadas ao assisti-la e, claro, depois de conferir Broadchurch. Até então, a promessa é a mudança do assassino, o que pode ser garantia de surpresas. Porém, o raciocínio investigativo aparenta ser o mesmo.
Uma das ordens que o remake de Gracepoint recebeu do criador original foi a preservação de como funciona o desenrolar da trama. De fato, o que faz Broadchurch tão envolvente são as passagens de tempo extremamente dramáticas e o tempo cinzento que combina perfeitamente com o peso da culpa e da perda. Sem contar que há intensidade nas atuações, há paranoia e há mentiras deslavadas umas atrás das outras. Gracepoint precisa seguir essa fórmula, como também ter dinamismo para não entregar o assassino logo de cara. Broadchurch segurou a identidade dessa pessoa até o fim, se apoiando em muitos revezes que, se Gracepoint aderiu, tem grande chance de trazer uma conclusão tão impactante quanto da versão britânica.
Broadchurch é muito bem escrita. Foi aclamada e ganhou diversos prêmios. Não é à toa que a 2ª temporada está em fase de produção. Eu sou suspeita para falar, pois amo o gênero. Se Gracepoint tiver a mesma qualidade da versão original, tenham certeza que a margem de decepção é nula. Por ser uma série compacta, com 10 episódios, há garantias de gratas surpresas. Se não houver, é fato que o Tennant segurará as pontas.
Haverá o duelo comparativo entre o original e a “imitação”, mas, por agora, isso é mero detalhe.
Gracepoint irá ao ar no dia 2 de outubro. Vamos prestigiar o nosso Ale… – Owen <3