Por Stefs Lima
E eis que o penúltimo episódio desta temporada de Gracepoint foi tenso, revelador e corrido. Carver e Ellie agora duelam contra o tempo que não possuem a fim de encontrarem o responsável pela morte do Danny. Por mais que vote no Paul, ainda estou com a singela sensação de que as coisas terminarão da mesma forma que em Broadchurch. O twist do season finale – que acontecerá esta semana – precisa ser muito épico, pois, até agora, só consigo somar quem ainda não foi parar atrás da mesa de interrogatório. Se vocês rebobinarem um pouco tudo o que já aconteceu, saberão que, tirando a Beth e a dupla dinâmica, Owen, Kathy, o marido de Ellie nem foram considerados suspeitos.
Carver abriu a trama em meio a mais um surto com relação ao seu estado de saúde. O delírio dele com as crianças foi um chute no estômago e serviu para reforçar a possibilidade do detetive ter mais uma mancha no currículo. Afinal, ele perdeu uma evidência no episódio anterior, um carma que o persegue. De novo, o detetive não escondeu o desespero em concluir a investigação com saldo positivo. Tudo para encontrar um tipo de compensação pela falha no caso Rosemont. A necessidade de vencer vem da necessidade da redenção, porém, o sentimento de impotência é impregnante, até mesmo para Ellie que estava perdida.
Esse impasse do Carver permitiu que Ellie assumisse a liderança do caso, um petisco do cargo que outrora lhe pertencia. O instinto mãezona para cima do parceiro foi sensacional, bem como a dureza em tratar Susan na sala de interrogatório. Por detrás do rosto lívido, havia uma mulher que, de novo, duelava com os próprios sentimentos e crenças com relação às pessoas que vivem em Gracepoint. Pessoas que ela repetiu milhões de vezes que as conhecia. Pessoas das quais a fizeram perder as estribeiras e cutucar Carver por ser contra ao tipo de abordagem adotada na investigação. Agora, o tempo para desvendar esse mistério é limitadíssimo, e a detetive entrou realmente no clima de brigar com o relógio.
Adorei a compostura da detetive ao saber do babado da Susan. Isso provou o quanto ela amadureceu e, querendo ou não, mostrou o quanto aprendeu com Carver. Por mais que tenha o peso das emoções por se sentir ligada a cada cidadão que vive na pequena cidade, Ellie está no auge, saturada, com o peso de um elefante sobre os ombros. Ela é a personagem da qual mais me preocupou em Broadchurch, pois, ao contrário de Carver, essa senhora foi a mais testada durante a investigação, a que mais se viu na corda bamba de não acreditar no que vê. Ellie é a real personagem principal, não Emmett, pois vemos uma mulher politicamente correta e maternal cair em um buraco negro e se forçar a ser cética.
Sobre Vince e Susan, nada sobre os dois me surpreendeu, tudo por causa de Broadchurch. Porém, o efeito foi o mesmo: pura desconfortabilidade. Assim como Ellie, é impossível não pensar que essa doida mentiu sobre o assédio contra uma das filhas. Não acredito nisso, em hipótese alguma. Não engulo gente tapada dentro do próprio lar. Isso para mim não existe. É basicamente a atitude de fingir que não vê, isso sim. Não é à toa que Susan deixou tal dúvida nas entrelinhas – e vazou da cidade assim que teve chance.
Vince também não surpreendeu, mas repetiu o mesmo incômodo da narrativa de Susan. Quem é que tatua o nome de uma criança, que recentemente morreu, sem ter nenhum elo familiar com ela? Se fosse Mark, até entenderia. Contudo, esse mané foi detonado pela suposta mãe ao ser acusado como um possível assediador como o suposto pai. Inclusive, esse cidadão parece meio obcecado e dono de um temperamento nada apropriado. Não acredito que o personagem seja o culpado, pois ainda faltam pessoas a serem interrogadas, mas que ele deve ter algum probleminha de obsessão, ah! tem sim.
Paul continuou a ser tão freak como no episódio anterior, mas provou um pouco da sua inocência ao dedurar Tom e entregar o computador ao Carver. Porém, penso seriamente que o personagem só forçou a barra com o filho de Ellie ou para ter certeza de que não há nada no HD que o incrimine ou, considerando o gosto de estar nos centro das atenções, com o pretexto de ser o responsável em dissolver o caso com uma evidência vital. Isso lhe daria prestígio e crédito com Beth. O que foi aquela passadinha de mão, né? O cara é tão doido quanto Vince.
O personagem do nosso Ziggy voltou a ter um tipo de relevância, mas só por influência de Renee. Contudo, Owen resolveu ser honesto, mas sem deixar a típica petulância de um clássico jornalista ao abordar Carver. Sobre isso, o que o detetive relatou não foi surpresa.
Agora restam poucas evidências e um número grande de impressões. A começar pela amizade entre Tom e Danny, que também será usada para descobrir o que aconteceu e porque o filho de Ellie esteve todo inquieto durante os acontecimentos. Uma das coisas que pensei assim que este episódio começou foi em Sarah, mãe de Owen, que retornou e abriu a indagação: quem dirige a van dos Solano? Assim, de verdade verdadeira?
Tudo aponta para Vince, mas as aparências enganam.
Deixo registrada por antecipação a sensação de que assisti Gracepoint à toa.