Por Stefs Lima
Meus sentimentos estão divididos com relação a este episódio de Gracepoint. Estou me sentindo meio enganada, pois, de novo, muita coisa de Broadchurch foi trabalhada. Não entrarei em detalhes, pois, agora, a trama percorre um caminho tortuoso, banhado de spoilers, e não quero estragar a experiência de ninguém. Então, só deixo um pouco da minha insatisfação nesse quesito, pois, no geral, o que foi visto na última quinta-feira abriu um leque de informações que contribuíram para bagunçar nossas cabeças. Isso foi ótimo! Sem contar que cada jogada de Ellie, de Carver e de Beth ofereceu mais dramatização e a tendência é piorar.
Dessa vez, o episódio trouxe dois suspeitos para ficarmos de olho. No caso, Jack, que acabou na sala de interrogatório, e Susan que se chama Ruth. Houve um foco tremendo no quesito imagem, não só do ponto de vista da imprensa, como também dos moradores de Gracepoint. Uma cidadezinha que a cada semana prova que vive de aparências e que ninguém de fato conhece ninguém. Inclusive, esse lugar se revelou um ótimo refúgio para os mais variados tipos de meliantes recomeçarem. De certa forma, os suspeitos não vivem a mais de 1 ano por lá e só agora, depois de uma tragédia, que a galera resolveu brincar de Datena. Porém, isso não impediu uma breve manifestação de egoísmo, pois todos só pensam no próprio umbigo e no lucro vindo do turismo ao invés de se solidarizarem com o impasse do Danny.
Jack ganhou foco e não curti o repeteco do viés da storyline dele. Essa informação em Broadchurch me impactou e em Gracepoint nem consegui ficar horrorizada. David Bradley, o Sr. Filch de Harry Potter, representou esse personagem na versão britânica, e ele me deixou no chão quando seu passado veio à tona. Não consegui me comover justamente por ter influência da história original e admito que fiquei chateada por não ter ocorrido um desvio. Tudo bem que a promessa da versão americana é mudar o assassino e o norte da investigação, um detalhe que tem sido cumprido até aqui, mas imaginei que outras mudanças seriam feitas na trama de alguns personagens para confundir até mesmo quem assistiu Broadchurch. Chego aqui com a ínfima sensação de que a conclusão do remake será a mesma.
Susan também foi outra que não me deixou tensa em comparação à versão britânica. Assim, eu acho a personagem da versão americana estranhamente fofa. Aquela vozinha dela me faz ter pena, sério. Nem dá gosto desconfiar. Juro que fiquei com dó da busca dela por um emprego e racho o bico quando ela resmunga de alguma coisa. Nem a súbita aparição na sala da Kathy me apavorou, pois foi outro repeteco. Quebrou toda a graça do suspense.
Até então, o único personagem que tem mexido bastante comigo é o padre Paul. A cada episódio, ele se revela mais freak que o esperado e não dá para saber se ele faz o que faz para ser o centro das atenções ou porque ainda sente algo por Beth. Voto nas duas opções porque o bom samaritano realmente me assusta. Na versão britânica, esse personagem foi representado por Arthur Darvill, o Rory de Doctor Who, e não o senti tão perturbador (deve ser porque sou meio apaixonada por ele e só via o bobão marido da Amy Pond hahaha). Paul está obcecado e me pareceu bem intencionado e empenhado em desviar as atenções. Ele chegou ao ponto de fazer um sermão em forma de recado ao Carver, só porque o detetive invadiu as defesas da sua igreja e anda causando um rebuliço em Gracepoint. Aquele papo de um suspeitar do outro mais parecia uma tentativa de rebelião para aniquilar a investigação.
Inclusive, há até um desvio da storyline dele (ao menos por enquanto), pois o personagem do Darvill tinha afinidade com computadores e afins e, até agora, isso não foi mencionado.
A imprensa ganhou atenção também para combater a falta de humor do Carver que não escondeu em nenhum momento o quanto odeia jornalistas. Tudo por causa da má cobertura de Renee durante o caso Rosemont. Tenho que dizer que achei bem feito para o Owen, estava óbvio que ele seria um otário. De novo, foi lamentável vê-lo seguir os passos de Renee para subir na carreira e ri mais uma vez por causa da tamanha burrice. Ele se deixou levar pela sede de alavancar com uma exclusiva e acabou iludido pela jornalista que manja das malícias. Achei uó ele ir atrás do Jack para ter uma matéria, destruindo a própria credibilidade por ter sido totalmente invasivo. Só fiquei com dó dele por causa da mãe. Que sujeitinha, hein?
Owen e Renee representam o tipo de cobertura jornalística sensacionalista, que tornam um caso um circo, sem respeitar ninguém, pois o objetivo é ter o furo de reportagem. Renee é manipuladora, não escondeu em nenhum momento o interesse de cobrir a tragédia sozinha. Todo o caminho dela foi muito bem traçado, desde pegar o urso do Danny para ganhar a confiança de Chloe até dormir com Owen. O sobrinho de Ellie bem que tentou dançar conforme a mesma música, mas recebeu na cara que nunca foi daquele jeito. O personagem do nosso querido Kevin agiu por influência e fez o jornal de Gracepoint perder toda a autoridade com relação ao caso, especialmente a entrevista exclusiva com os Solano.
Carver e Ellie me matam de tanto rir. Eu quero que eles se casem. A cada episódio, não posso com esses dois, de verdade. O jantar rolou e caí pra trás com a indecisão do Carver em não fazer a mínima ideia do que levar. Ri ainda mais quando se percebe que o nível de sociabilidade dele é abaixo de zero. Totalmente perdido, o detetive se soltou um pouco mais e revelou algumas partes da sua vida que, claro, Ellie ficou chocadíssima. Quem apostaria que uma pessoa tão arisca e ranzinza, cheia das tiradas que podem fazer qualquer um se sentir mal, já foi casado e tem uma filha de 17 anos nas costas? Nem eu daria a cara tapa.
Além disso, os sinais da doença do Carver parecem que estão no auge. Rachei com a ousadia da Gemma em ser esposa dele por um dia, embora minha antipatia ainda exista.
Tenho que dizer que a Ellie sambou bonito neste episódio ao deixar o emocional de lado. Foi surpreendente vê-la colocar Beth no lugar, destruindo o coração da melhor amiga ao despachar Raymond com tamanha frieza. Isso é sinal de que ela começa a adotar a estratégia do Carver, como parte do seu amadurecimento profissional. Foi possível ver isso no jantar na casa dos Solano em que ela levou realmente ao pé da letra a dica do parceiro em estudar os comportamentos para captar algo suspeito. Eu amo essa mulher.
Sobre os Solano, o desespero da Beth foi massacrante. As palavras dela na coletiva me destruíram como se fosse a primeira vez que as escutava. As demais atitudes da personagem no decorrer do episódio também não foram inéditas.
Evidências e perguntas
Vince e Mark possuem um trato. De quê? O que é esse trabalho extra?
De onde Jack encontrou o celular do Danny? Lembrando que essa história tem como intuito confundir quem assiste, então, não me custa repetir que nem tudo é o que parece.
De quem era o bendito barco que tem fios de cabelo de Danny?
E quando vão ver o skate no armário da Susan?
E o Tommy? O que ele fez com o número do mochileiro?
E onde está esse mochileiro do mal?
Pena que ainda há mais 5 episódios de tortura. Se Gracepoint fosse igual à Broadchurch, aliviaria o processo, de boa hahahaha
Audiência: Gracepoint sofreu uma leve queda com relação à semana passada. Dos 3.49 milhões de telespectadores, a margem empacou nos 3.34.